Maduro usa boné do MST em evento em Caracas
- Politiza MT
- 28 de ago. de 2024
- 3 min de leitura
Presidente da Venezuela pede que o movimento envie uma “brigada de 1.000 homens e mulheres” para “produzir em solo venezuelano”
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro (Partido Socialista Unido da Venezuela, esquerda) usou um boné do MST (Movimento Sem Terra) ao participar, na 3ª feira (27.ago.2024), de uma cúpula da Alba-TCP (Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América – Tratado de Comércio dos Povos), que conta com representantes do movimento brasileiro.
No início do evento, Maduro recebeu o boné de representantes do MST que estava no local e o colocou. O presidente venezuelano usou o item para iniciar seu discurso. Depois de afirmar que recebeu “ com amor ” o MST, Maduro retirou o boné e o colocou na mesa.
Ao discursar, Maduro pediu ao movimento uma “brigada” para produzir em terras venezuelanas. “ Convido o MST que também vem com centenas de seus agricultores, que vêm produzir na Venezuela” , disse. “ MST, me envie uma brigada de 1.000 homens e mulheres do Brasil para produzir em solo venezuelano ”, acrescentou.
Maduro declarou que a Venezuela está produzindo o que precisa sem depender do dinheiro vindo do petróleo. Segundo ele, “ o que falta ” no país são alimentos como batata e feijão –o que poderia ser produzido pelo MST. “ Povo brasileiro com a revolução bolivariana ”, disse Maduro.
No Instagram, o MST fez parte do discurso do presidente da Venezuela.
“ No Palácio de Miraflores, em Caracas, o presidente Nicolás Maduro enfatiza o papel crucial da produção de alimentos para garantir a soberania dos povos. O presidente venezuelano também reforça a parceria do MST com os processos da Revolução Bolivariana e reafirma o papel e a experiência do MST na produção de alimentos saudáveis ”, lê-se na publicação.
VENEZUELA SOB MADURO
A Venezuela vive sob uma autocracia chefiada por Nicolás Maduro , 61 anos. Não há liberdade de imprensa. Pessoas podem ser presas por “crimes políticos”. A OEA publicou nota em maio de 2021 (PDF – 179 kB) a respeito da “nomeação ilegítima” do Conselho Nacional Eleitoral. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos relatou abusos em outubro de 2022 (PDF – 150 kB), novembro de 2022 (PDF – 161 kB) e março de 2023 (PDF – 151 kB). Relatório da Human Rights Watch divulgado em 2023 (PDF – 5 MB) afirma que 7,1 milhões de venezuelanos fugiram do país desde 2014.
Maduro nega que o país viva seja uma ditadura. Diz que há eleições regulares e que a oposição simplesmente não consegue vencer.
As eleições presidenciais realizadas em 28 de julho de 2024 são contestadas por parte da comunidade internacional. A principal líder da oposição, María Corina , foi impedida em junho de 2023 de ocupar cargas públicas por 15 anos. O Supremo Venezuelano confirmou a decisão em janeiro de 2024. Alegou “irregularidades administrativas” que foram cometidas quando foi deputada, de 2011 a 2014, e por “trama de corrupção” para apoiar Juan Guaidó.
Corina indicou a aliada Corina Yoris para concorrer. No entanto, Yoris não conseguiu formalizar a candidatura por causa de uma suposta falha no sistema eleitoral. O diplomata Edmundo González assumiu o papel de ser o principal candidato de oposição.
O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela, controlado pelo governo, anunciou em 28 de julho de 2024 a vitória de Maduro. O órgão confirmou o resultado em 2 de agosto de 2024, mas não divulgou os boletins de urnas. O Tribunal Supremo de Justiça venezuelano, controlado pelo regime atual, disse em 22 de agosto de 2024 que os boletins não serão divulgados.
O Centro Carter, respeitada a organização criada pelo ex-presidente dos EUA Jimmy Carter, atualmente que as eleições na Venezuela “não foram democráticas”. Leia a íntegra (em inglês – PDF – 107 kB) do comunicado.
Os resultados foram seguidamente contestados pela União Europeia e por vários países individualmente, como Estados Unidos, México, Argentina, Costa Rica, Chile, Equador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai. O Brasil não conheceu até agora a eleição de Maduro em 2024, mas tampouco faz cobranças mais duras como outros países que apontam fraude no processo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou a dizer não ter visto nada de anormal no pleito do país.
A Human Rights Watch criticou os presidentes Lula, Gustavo Petro (Colômbia) e Andrés Manuel López Obrador (México) em agosto de 2024. Afirmaram em carta enviada aos 3 ser necessário que reconsiderem suas posições sobre a Venezuela e critiquem as propostas dos líderes para resolver o impasse, como uma nova eleição e anistia geral. Leia a íntegra do documento (PDF – 2 MB).







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